Episódio 2: Investimento de Impacto | Luís Jerónimo

Atualmente começamos a ouvir falar de investimentos de impacto:

o G8 criou a Social Impact Investment Task Force para potenciar o desenvolvimento do mercado de investimentos de impacto social; 
o banco JP Morgan identificou o investimento de impacto como uma nova classe de ativos que representa uma oportunidade mundial de investimentos na ordem dos 400 biliões a 1 trilião de dólares, particularmente nos setores da habitação, saúde, educação e serviços financeiros. 
Em Portugal, o recém-criado FIS (Fundo para a Inovação Social) prevê um investimento público de 55 milhões de euros destinado ao investimento social e a facilitar o acesso a financiamento por parte de organizações sociais (como o apoio a crianças ou idosos, a promoção da cultura, do ambiente e o apoio à integração de imigrantes).

O investimento de impacto tem muitas designações que, independentemente da sua terminologia, é visto como um importante passo para a criação de formas inovadoras de responder às necessidades sociais e ambientais, ao mesmo tempo que gera retorno financeiro.

Pode assim, incluir resultados double e triple-bottom line; investimentos relacionados com a missão de uma organização ou de um programa; o financiamento social (Emerson e Bonini 2003; Godeke e Pmares 2009; Monitor Report 2009) e o blended value.

O “blended value”, articulado pela primeira vez por Jed Emerson, no início do ano 2000, declara 'que todas as organizações, com ou sem fins lucrativos, criam valor económico, social e ambiental - e que os investidores (no mercado normal, no mercado controlado ou um mix dos dois) geram simultaneamente as três formas de valor através do fornecimento de capital para as organizações' (Emerson e Bonini 2003). Compreender o conceito de blended value é a chave para entenderas implicações do investimento de impacto para os investidores de capital e os seus destinatários.

Para nos ajudar a refletir sobre este tema, convidámos Luís Jerónimo.

Licenciado em Filosofia e Diretor do Programa Gulbenkian Coesão e Integração Social desde janeiro de 2019. Luís integra a Fundação Calouste Gulbenkian desde 2006, tendo trabalhado entre 2009 e 2010 na Delegação do Reino Unido desta Fundação.

Foi gestor de projetos e Diretor Adjunto do Programa Gulbenkian Desenvolvimento Humano, coordenando iniciativas na área da inovação social e do investimento de impacto. É atualmente membro do Board of Directors da European Venture Philanthropy Association e Administrador não executivo da MAZE, uma startup dedicada ao investimento de impacto criada pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Entrevista

Porque na verdade Portugal é hoje um hotspot nestas nestas áreas no contexto internacional e já temos hoje verdadeiros de investidores ou investidores prontos para para para poderem investir nesta área numa área que não é só o retorno financeiro mas também com uma visão. Retorno social ou ambiental.

Acho que há cada vez mais uma consciencialização de que isto é uma oportunidade por todos. Eu acho que cada vez mais investidores procuram aliar esse retorno financeiro a oportunidades de impacto e ter formas mais inteligentes de financiar. Por outro lado temos toda uma geração de de uma nova geração que cada vez mais quer padrões de consumo mais responsável e que exige esse tipo de compromisso de todos os stakeholders isso por exemplo na área ambiental é muito evidente o papel que essas novas geração estão a ter depressão no mínimo nos sistemas de proteção e nos sistemas públicos e ao mesmo tempo também enquanto força de trabalho cada vez mais as pessoas querem encontrar esse equilíbrio entre o seu trabalho e um propósito que querem que querem encontrar.

Obviamente que o investimento de impacto não é a panaceia que vai resolver todos os problemas de financiamento do setor social que tem e que tem muito muito comple

Acreditamos que para alguns casos independentemente de serem estruturas mais recentes ou mais com histórico maior podem podem ser trabalhadas e utilizarem estes estes este tipo de instrumentos e dou exemplos portugueses. Um destes instrumentos de financiamento são os títulos de impacto social que a denominação portuguesa para as surgiu e que basicamente são um modelo de contratualização por resultados. O investimento inicial por parte de investidores privados que assumem o risco da intervenção é a organização. A organização social tem todos os recursos necessários para o que concretize o seu projeto. É apenas e só se os resultados que foram contratualizados forem alcançados há um reembolso aos investidores pode ser cumprido.
Eu acho que depende muito do. Eu acho que não há propriamente áreas em que isto não funcione de todo modo. Acho que depois há áreas em que possam consoante também a própria especificidade poder estar mais altas para utilizar um tipo de instrumento ou outro. E não querendo ser demasiado técnico. Mas há aqui uma diferença que nós utilizamos muito. Quando o beneficiário final da nossa intervenção não tem capacidade para pagar por aquilo que é o serviço que lhe está a ser prestado tradicionalmente é o Estado. Nesse caso estamos a falar por exemplo de pessoas sem abrigo pessoas em situação de desemprego Crianças e Jovens em Risco e em que o Estado é quem a partida assume essa responsabilidade.  

Na verdade foi um movimento natural face ao trabalho que a fundação tem vindo a desenvolver nesta área mas ao mesmo tempo também um momento histórico porque é a primeira vez que a Fundação Calouste Gulbenkian investirá da sua carteira de investimentos num fundo desta desta natureza e que exatamente se irá focar neste mês neste mês. Nestas startups. Que impacto que aliam este modelo em que o modelo de negócios está diretamente ligado ao impacto social ou ambiental ambiental criado até ao momento temos pensado muito numa intervenção mais na área social mas há todo uma oportunidade também na área ambiental em que o financiamento desta natureza possa também ser considerado o que eles chamam Sustainable Finance caso por exemplo das green bonds. É algo que está a crescer tem em franco crescimento económico também na fundação. Queremos perceber até que ponto poderemos acompanhar a equipa com a vantagem de ser mais facilmente contabilizado ou pessoalmente se utilizarmos como padrão a questão das emissões de carbono sermos mais objetivos naquilo que é o que é o impacto e o impacto criado porque nalgumas áreas sociais há tudo.

Nós aí tentamos ser mais sérios mas também simplificar possível é mais do que termos uma bateria de 20 30 indicadores que é na verdade um peso em termos de monitorização

 Uma evidência o retorno social como é que eu acho que é uma toda uma discussão infindável sobre métricas de impacto e avaliação de impacto do que é que é isto do impacto a partir de que momento é que poderíamos estar a falar de impacto adverso dos resultados versus produtos que estão a ser criados. Nós aí tentamos ser mais sérios mas também simplificar possível é mais do que termos uma bateria de 20 30 indicadores que é na verdade um peso em termos de monitorização prazo para as organizações poderem recolher. Em pensarmos que 2 3 indicadores sejam na verdade demonstrativos de que estamos ou não conseguir ter ter ter impacto e indicadores vários níveis indicadores de atividade mas que sejam já sejam demonstrativos desse impacto e depois obviamente de mais longo prazo é o caso do Dia da empregabilidade é um disso exemplo.
 Da responsabilidade que temos sobre os objetivos desenvolvimento sustentável e só nos percebermos melhor essa responsabilidade. Se analisarmos o que correu pior do que os anteriores é que os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e que como se sabe que ficaram muito aquém daquilo que eram as suas aspirações e as suas e as suas metas exatamente percebermos o que é que falhou para desta vez não falhar nos não falarmos de de novo e achava que duas mudanças importantes uma é perceber que estes objetivos não se aplicam apenas e só países em contexto de desenvolvimento aplicam se a todos a todos os países e que não é só uma obrigação dos Estados todos temos um papel a desempenhar. 

Isso seria excelente se aí chegássemos, com certeza estaríamos mais próximos de alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Recomendações

Highlights

  • 07:31 a pergunta que nos fomos colocando e se também não haveria alguma inovação ou alguma melhoria melhor dizendo que pudéssemos colocar na forma como estávamos a financiar os nossos os nossos projetos
  • 09:41 Porque na verdade Portugal é hoje um hotspot nestas nestas áreas no contexto internacional e já temos hoje verdadeiros de investidores ou investidores prontos para para para poderem investir nesta área numa área que não é só o retorno financeiro mas também com uma visão. Retorno social ou ambiental.
  • 12:16 Nós acreditamos muito que estas oportunidades de investimento de impacto não se encontram. Tem de se construir e esse é o nosso trabalho mais do que meramente mais do que meramente financiar.
  • 14:20 Obviamente que o investimento impacto não é a panaceia que vai resolver todos os problemas de financiamento do setor social que tem e que tem muito muito complexo acreditamos que para alguns casos independentemente de serem estruturas mais recentes ou mais com histórico maior podem podem ser trabalhadas e utilizarem estes estes este tipo de instrumentos e dou exemplos portugueses.
  • 19:39 Quando o beneficiário final da nossa intervenção não tem capacidade para pagar por aquilo que é o serviço que lhe está a ser prestado tradicionalmente é o Estado. Nesse caso estamos a falar por exemplo de pessoas sem abrigo pessoas em situação de desemprego Crianças e Jovens em Risco e em que o Estado é quem a partida assume essa responsabilidade.
  • 23:28 Fundação Calouste Gulbenkian investirá da sua carteira de investimentos num fundo desta desta natureza e que exatamente se irá focar neste mês neste mês. Nestas startups. Que impacto que aliam este modelo em que o modelo de negócios está diretamente ligado ao impacto social ou ambiental ambiental criado
  • 25:09 pensarmos que 2 3 indicadores sejam na verdade demonstrativos de que estamos ou não conseguir ter ter ter impacto e indicadores vários níveis indicadores de atividade mas que sejam já sejam demonstrativos desse impacto e depois obviamente de mais longo prazo
  • 29:39 Recomendaria o Outliers "Os melhores, os mais inteligentes, os mais bem sucedidos" de Malcolm Gladwell

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